29.06.2023

Uma ideia que parece irreal pode provocar novos negócios

Dono da Smart Fit - Edgard Corona

– Quando é que você vai montar uma Bio Ritmo no meu bairro?

– Você acha que tem espaço, que tem público?
– Tem muita gente.

– Qual ticket você acha que daria certo?
– Uns R$ 70.

Esse diálogo, com uma funcionária da Bio Ritmo, acendeu a fagulha de criar um novo negócio dentro da área fitness. Quando conversamos, a minha cabeça ficou a 220V e a vontade de acessibilizar o acesso a uma academia de alto padrão passou a ser persistida. 

Erros e acertos: aprendizados em constante movimento

Depois de empreender em uma empresa familiar, saí para trilhar rumo próprio e a Bio Ritmo foi a minha primeira experiência dentro do mercado fitness. Abrimos a primeira unidade em Santo Amaro, São Paulo, aprendendo na prática o dia a dia dessa área, usando tudo que víamos no mercado e também nossa experiência de usuário. Posso dizer que tivemos erros (muitos) e acertos que serviram de aprendizado para os próximos passos que eu iria trilhar. Divido alguns aqui.

O primeiro aprendizado foi dar importância para uma arquitetura e ambientes que, além de bonitos, devem ser funcionais e diferentes, chamar a atenção e fazer o cliente se sentir bem. Outro, foi parar de olhar friamente – e somente – para o benchmarking e entender a experiência do usuário e o modelo de negócio. Também entendemos que querer fazer tudo ao mesmo tempo – jiu jitsu, natação, milhões de aulas – impedia que conseguíssemos manter um padrão de excelência, porque não dá pra ser bom em tudo. Percebemos ainda que era melhor ter academias pequenas e espalhadas pela cidade do que academias enormes – uma pessoa não sai do trabalho, por exemplo, e vai para o extremo oposto para treinar. A partir dessas percepções, a conveniência passou a nortear o negócio. E, assim, acertamos o foco e os processos. 

E, enquanto ajustamos a Bio Ritmo, eu continuava pensando: como viabilizar uma academia de alto padrão, com preço acessível?

O nascimento da Smart Fit

Inquieto que sou, comecei a viajar e pesquisar. Conversei com diversos empresários, fiz aulas, anotei o que me chamava a atenção, fiz muitas contas. A realidade de fora não é a mesma que vivemos. Foi preciso analisar os números, mas o fato é que eu precisava confiar, ouvir a intuição e, com eu brinco, “saltar do precipício”. E em 2009 chegou a hora de colocar em prática tudo que tinha anotado e analisado. Assim, surgiu a primeira Smart Fit, em São Paulo, com um valor de mensalidade de R$49, e equipamentos de primeira linha. 

O negócio explodiu. Em um dia tivemos 300 matrículas. Quando abrimos em Brasília, 400. Tem uma história curiosa: um rapaz foi se matricular e perguntou se o valor era por dia, tamanho o impacto que ele teve. A gente sabia que seria um sucesso, mas não tinha ideia de que seria tão rápido. 

Escuta ativa, sempre

Até hoje, não descanso. Sei que o mercado muda, o consumidor também. Meu conselho sempre é estar atento às pessoas, ao entorno, ao que se fala, às tendências. Hoje em dia, por exemplo, vemos mais pessoas usando as áreas de peso livre do que antes. Mais mulheres na musculação. Menos pessoas nas esteiras e nos outros aparelhos de cárdio. Vemos a importância de espaços especializados em determinadas modalidades (yoga, funcional), como os que lançamos, com foco em quem quer uma maneira diferente de se exercitar. 

Estar presente no seu negócio é fundamental para ter novas ideias, fazer mudanças e ajustes de rota. E ouvir colaboradores é regra primordial para entender contextos e ampliar pontos de vista. Acredite: uma ideia que parece irreal pode virar um bom negócio.